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Perspectivas no comércio exterior em 2021

O ano de 2020 trouxe inúmeras mudanças fundamentais no comportamento do consumidor e nas cadeias de suprimentos, estas que podem ser temporárias ou duradouras no âmbito comercial. Essas tendências são fruto de uma necessidade acelerada pela pandemia do coronavírus, momento que levou empresários a reinventarem o seu negócio e consumidores a reverem seu modo de fazer compras.

Nesse cenário, é possível observar o aumento do comércio eletrônico, a valorização do marketing digital, o foco na saúde e no bem-estar e o consumo mais seletivo. Em relação aos impactos no Comércio Exterior, o estabelecimento de novos parceiros comerciais, a valorização do agronegócio brasileiro e a necessidade de inovações no setor, além do crescente uso da tecnologia para automatizar processos da exportação e da importação são algumas das principais mudanças observadas esse ano e que podem ser levadas a longo prazo.

Impacto no Mercado Consumidor

Em decorrência da pandemia e de seus efeitos no modo de vida da população, observam-se diversas mudanças nos hábitos de compras dos consumidores, seja em termos de plataforma para compra, ou de tendência de determinado setor de produtos. Dentre essas transformações, pode-se apontar a alta de usuários no comércio eletrônico, que já mantinha um crescimento expressivo e foi impulsionado ainda mais com milhares de novos consumidores passando a fazer compras on-line.

Além disso, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), setores como alimentos, bebidas, beleza e saúde, apresentaram um crescimento de mais de 180% nas vendas. Trazendo maior enfoque ao setor de saúde e bem-estar, com as medidas de isolamento social e a progressiva preocupação com estilos de vida mais saudáveis, itens como suplementos que aumentam a imunidade, produtos de limpeza para uso doméstico, fitness e meditação em casa, além de produtos para skin-care passaram a ocupar um local de destaque na lista de compras dos consumidores e tendem a se tornar rotineiros no período pós-pandemia.

Ao falarmos sobre o consumo seletivo, é necessário que empreendedores entendam a importância da sua postura no que tange novas prioridades e demandas do mercado. Dessa maneira é possível observar um enfoque maior no marketing digital que será feito a fim de atrair consumidores. Assim, a necessidade da inovação entra em questão por ser um período de alta dependência digital na busca de serviços e produtos.

Tendências para o Comércio Exterior

A valorização do agronegócio para 2021 se dá, entre outros motivos, a partir da taxa de câmbio, afinal o dólar em alta tende a favorecer a exportação de produtos e pressionar os preços no mercado interno. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as exportações brasileiras registraram crescimento de 6% de janeiro a outubro de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019, impulsionadas pelo açúcar (63%) e carne suína (49%), soja (21%), algodão (21%) e carne bovina (20%). Esse efeito poderá seguir devido à crise econômica provocada pela pandemia do coronavírus. Isso porque o setor alimentício possui uma demanda estável, mantendo-se em alta mesmo no auge da crise no Brasil e em outros países. No caso da soja, por exemplo, a alta de preço entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano foi de 37,4% na comparação com 2019. Assim, faz-se necessária a adoção de medidas para agregar valor ao agronegócio como a tecnologia e novos processamentos a fim de escoar ainda mais e aumentar o número de vendas para o mundo.

Perspectivas para 2021

Ainda que as incertezas cerquem as atividades econômicas, impossibilitando a visibilidade de cenários pós-pandemia, é possível destacar alguns aspectos que capazes de reduzir ou aumentar o impacto do coronavírus no setor. Um estudo, produzido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que elabora simulações de impacto do Covid-19 sobre o comércio mundial a partir de um modelo de equilíbrio geral computável, prevê, também, cenários otimistas. No cenário da OMC, as exportações sofreram queda de 17,7% em 2020, recuando para US $185,4 bilhões. A perda acumulada no biênio (2020-2021) seria da ordem de US $9 bilhões, e o montante exportado ficaria em um nível próximo do registrado em 2017. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a previsão para 2021 é de que as exportações devem ficar em uma faixa de 10% a 15%, o que em valores corresponde a algo entre US$200 bilhões e US$230 bilhões, a depender do valor efetivamente registrado em 2020. Já nas importações, uma avaliação dos diferentes métodos e cenários permite prever crescimento em 2021 entre 10% e 20%, o que significaria, em valores, algo entre US$154 bilhões e US$168 bilhões.

Quando superarmos a crise sanitária causada pelo novo coronavírus, é provável que a economia mundial se depare com um ambiente de negócios internacionais mais propenso à restrições em vários segmentos de mercado. Apesar disso, as oportunidades irão surgir, e é preciso estar preparado.

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