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Frete marítimo – Quais são as perspectivas?

A situação do mercado de navegação marítima internacional enfrentou uma grande crise no início de 2020 no ápice da pandemia, culminando com o fechamento de diversas fábricas na China, durante o lockdown, gerando atrasos na cadeia de produção industrial para todo o continente. 

A oscilação do frete internacional

Com a demanda reprimida durante esses meses, a retomada dos embarques marítimos no Continente Asiático tornou-se caótica, gerando uma busca desenfreada de empresas por containers e espaço nos navios, que já era escasso, estratégia adotada por armadores para manter os fretes em níveis bem mais altos. 

Com exportadores chineses desesperados para escoar suas mercadorias já vendidas e sem espaço para estocagem em suas fábricas, a busca por caminhões e navios torna a logística local desordenada e com a alta procura, armadores decidem aumentar ainda mais os níveis de fretes, a fim de minimizar os prejuízos causados durante o lockdown.

Assim, um frete que custava cerca de US$ 2.500 a US$ 3.000 por container passa a valer o dobro, até chegar na casa dos US$ 10.000 a US$ 11.000, deixando importadores sem saber o que fazer, uma vez que os pedidos já tinham sido feitos e naquele momento, deixar as mercadorias presas na origem não parecia ser uma solução factível e nem desejada pelos fornecedores.

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Esse aumento de custo foi uma das principais causas a provocarem o encarecimento dos insumos das indústrias, o que pressionou a inflação no cenário mundial fazendo com que os preços fossem imediatamente repassados para o consumidor final. 

Aqueles importadores que não tinham pedidos fechados começaram a fazer contas e muitos decidiram que a importação agora se tornara inviável, ainda mais para aqueles que importavam produtos de baixo valor agregado. Era mais fácil buscar no mercado interno ou então nem se aventurar a colocar seus produtos na prateleira, já que não compensaria financeiramente, com o agravante de a cotação do dólar também ter disparado no mercado. 

Entretanto, apesar das expectativas se mostrarem de certa forma incertas, o que podemos supor é que os níveis aplicados antes da pandemia dificilmente voltarão ao patamar pré-pandemia, já que o mercado, de certa forma, estabilizou-se em patamares mais elevados. Pelo menos se considerarmos a política até agora aplicada pelos armadores. 

Vale lembrar ainda que o aumento também impactou muitas empresas que compravam daqueles mercados como Estados Unidos, que sofre ainda com a falta de caminhões, já que com a versão norte-americana do “auxílio emergencial”, fornecido pelo governo americano, muitos caminhoneiros e até trabalhadores portuários deixaram seus empregos durante esse período, no que ficou conhecido como “The great resignation”, gerando uma verdadeira desordem na logística local com portos e rampas abarrotados de containers. 

Nas exportações do Brasil para a Costa Leste dos Estados Unidos, não foi diferente. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) fazem um diagnóstico sobre o aumento do preço do frete do container que chega ou sai do Brasil e concluiu que entre janeiro de 2020 e setembro de 2021, o preço dolarizado do frete de um container com destino aos Estados Unidos subiu até 433%. Se o destino for a costa oeste da América do Sul, a alta registrada é ainda maior: chega a incríveis 510% no mesmo intervalo. 

Ninguém acreditava que os valores de fretes spots, espaços disponíveis nos sites dos armadores, daria certo. Segundo o CEO da Hapag-Llloyd, Rolf Habben Jansen, se o valor de US$ 20.000 se mantivesse ativo, essa prática destruiria a demanda de transporte internacional. 

Com essa nova medida aplicada, começam a sentir o impacto positivo do mercado, que começou a mostrar-se acostumando a pagar por fretes em torno de US$ 7.500 chegando até patamares em torno de US$ 20.00 contra os US$ 1.500 praticados no passado.

Outro fator que podemos ressaltar em relação aos aumentos dos custos com o transporte, foi a alta dos combustíveis, especialmente após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Segundo a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC), que representa as empresas de transporte marítimo em território nacional, os gastos com combustíveis representam 60% das operações. A alta tem refletido um aumento de pelo menos 45% dos custos do setor.

 

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Importante ressaltar que existe uma necessidade clara dos armadores em querer tirar o atraso durante o tempo em que os fretes ficaram em patamares baixos, pois com isso as empresas de navegação amargaram prejuízos incalculáveis. As empresas   precisam gerar lucros para que sejam sustentáveis e por muito tempo, ficaram estagnadas deixando de oferecer para o mercado um serviço de qualidade em relação a pontualidade dos navios e atendimento comercial, dizem os armadores.

Frete Internacional em 2023

Embora o cenário seja desanimador com tantas mudanças que também incluem falta de equipamentos, atrasos nas atracações, os fretes estão com tendência de queda até o fim deste ano de 2022 e em 2023, de acordo com armadores e analistas. Mesmo com o peak season, o frete internacional registrou queda. 

O frete da China para o Brasil, que começou o ano custando cerca de US$ 10.000, pode ser visto sendo praticado com níveis bem inferiores, já que a demanda entre os meses de setembro até dezembro tende a ser menor.

 

Com o feriado chinês, Golden week que aconteceu entre os dias 01/10 a 7/10 a queda se acentua, entretanto existem armadores querendo forçar um novo GRI para a segunda quinzena de outubro, já que existe a tendência natural explorar o aumento através da demanda que ficou reprimida durante o feriado.

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Porém uma série de novos navios chegará ao mercado nos próximos dois anos, com crescimento líquido da frota esperado para ultrapassar os 9% no próximo ano e em 2024, segundo a empresa de Consultoria Marítima de Londres Braemar. 

Nos resta mais uma vez aguardar para vermos como o mercado de navegação se comportará durante esse tempo entre os altos e baixos em relação a eficiência logística e custos operacionais como um todo. Indústrias de todo o mundo também devem estar preparadas para o futuro instável que tanto nos assolou nos últimos tempos com uma pandemia jamais vista no mundo e com guerras que podem surgir a qualquer momento. 

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